Aconteceu nos dias 29 e 30 de janeiro de 2016 no Assentamento Urbano Utopia e Luta no espaço “Quilombo das Artes” localizado no mesmo prédio o Encontro para Estudo e Prática em Desenho de Observação e Ilustração Científica e Artística No Utopia e Luta que desenvolveu atividades divididas em duas partes, a primeira sendo uma oficina de desenho de observação e ilustração científica e a segunda uma exposição dos materiais desenvolvidos na oficina. A oficina e organização da exposição foi executada por Rafael Heinen e Jorge Gularte e teve o apoio e ajuda de inúmeras pessoas para sua realização, as quais agradecemos desde já.

A oficina teve início às 14hs do dia 29\1 primeiramente apresentando uma abordagem teórica sobre ilustração científica e mostrando referenciais históricos. Na seqüência o grupo que era formado em sua grande maioria por crianças de até 10 anos se encaminhou para o núcleo de horta hidropônica localizada no terraço do prédio. Lá foi desenvolvido uma abordagem prática do desenho, onde os oficineiros passaram a observar e desenhar espécimes existentes no espaço. O trabalho se deu de uma maneira informal e partiu de uma ideia de educação mútua onde a noção de mestres e dicípulos foi aos poucos sendo desconstruída. As crianças encontraram maneiras criativas de representar e nomear as espécimes, enquanto que os adultos davam suporte e trabalhavam uma reeducação na sua abordagem para com a criança.

Os pontos importantes que podem ser apontados em relação à pesquisa que se deu no dia, foi primeiramente os soluções encontradas pelas crianças para resolver formas, ocupação do suporte de desenho e uso de materiais. Muitas crianças utilizaram técnicas criadas por elas mesmas para “copiar” soluções alheias ou mesmo percebeu-se em algumas crianças intenções de “melhorar” o desenho produzido anteriormente por elas mesmas. Muitas vezes o descontentamento técnico levou algumas a amassar o material produzido (este posteriormente recuperado pelos oficineiros). Nota-se também um acanhamento em deixar o desenho falar mais. Desenhos pequenos, envergonhados, acromáticos mostravam uma carência de pertencimento, abertura ao diálogo, desprendimento, talvez pontos a serem trabalhados na educação dessas crianças). Algumas crianças mostraram traços de criatividade e laços afetivos ao escolher nomes para as plantas que desenharam, chegando a resultados como “Planta Gorda” ou “Flor de Maria Helena” (esta última em homenagem à mãe da criança que nomeou a flor). Criou-se de forma espontânea também uma fixação das crianças pelos graffites presentes nas paredes do espaço, de tal forma que os levou a tentar repeti-los em desenhos com resultados bem interessantes e fortes expressivamente.

No dia 30 depois de um susto climático que assolou Porto Alegre na noite do dia 29, montou-se a exposição com o material da oficina que teve início às 20hs e foi visitada por membros da COOPSUL e interessados no trabalho realizado no dia anterior.

De forma geral o evento rendeu, além de um material gráfico interessante, reflexões frente à questão educacional de adultos e crianças, assim como um fortalecimento das relações entre os grupos pertencentes à Rede de Comunidades Autogestionárias.